Apresentação
O universo das relações de trabalho constitui-se como um campo vasto e complexo de investigações científicas, em diversos tipos de organizações. A variedade de temas e as diferentes ramificações de saberes, de modo multi e interdisciplinar aumentam as possibilidades de pesquisa, em níveis lato e stricto senso.
Pode-se analisar aspectos jurídicos, psicológicos, sociológicos, políticos, econômicos e culturais de tais relações sociais, utilizando-se metodologias variadas, de perspectivas quantitativas, qualitativas ou mistas.
Para este grupo, em particular, interessa abordar problemáticas que tenham a ver com a qualidade das relações de trabalho, no que tange, especificamente, à saúde psicológica e social dos trabalhadores em coletivo. A delimitação do campo de estudo refere-se a fenômenos que atinjam a um determinado grupo de sujeitos, em situação de trabalho, e não a um trabalhador, de modo individual. A referência conceitual de subjetividade aqui representada identifica-se com o viés da intersubjetividade, ou seja, cada sujeito se faz e se refaz por meio da interação com outros sujeitos.
No caso específico do ESCOPO, trata-se de estudar fenômenos que afetem a integridade e o moral dos trabalhadores, tais como as contradições do binômio Capital & Trabalho. Visa a compreender políticas e práticas de gestão de Recursos Humanos, sob um viés teórico-crítico, em uma perspectiva classificada como Estudos Críticos Organizacionais. Nesse particular, cabe estudar o discurso e as ações dos atores do chamado mundo organizacional e do trabalho.
O grupo acolhe projetos de pesquisa de estudantes e professores de graduação, especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado, que pretendam analisar criticamente tanto os subsistemas de Recursos Humanos (Remuneração & Carreira, Treinamento & Desenvolvimento, Avaliação de Desempenho, Recrutamento & Seleção, Saúde e Segurança do Trabalho etc) quanto outras formas de gestão de pessoas, que possam colocar em risco à saúde psicológica e social de coletivos de trabalho.
O eixo norteador dos estudos está configurado pelos princípios teóricometodológicos da Psicodinâmica e da Sociologia Clínica do Trabalho, nos quais o ideal de solidariedade e participação ativa dos sujeitos, rumo a organizações do trabalho dignificantes do ser humano, sobrepõem-se aos interesses do Capital.
Trata-se de elaborar projetos que auxiliem na formação crítica sobre as relações de trabalho no Brasil. Propõem-se metodologias inovadoras, com o intuito de jogar luz sobre problemas que afetem a dignidade dos trabalhadores. Problemas, tais como métodos perversos de gestão de pessoas, que banalizam a violência simbólica e efetiva sobre o trabalhador, assim como a racionalidade instrumental de políticas e práticas de RH – Recursos Humanos, que colocam o sujeito em segundo plano.
As atuais linhas de pesquisa do ESCOPO são:
- Estudos Críticos dos Subsistemas de Recursos Humanos e dos Modelos de Organização do Trabalho;
- Discurso Organizacional;
Nessa direção, são exemplos de temas e possibilidades de projetos de pesquisa:
- Contribuição da Psicodinâmica e Clínica do Trabalho para analisar sistemas de remuneração e carreira;
- Contribuição da Psicodinâmica e Clínica do Trabalho para analisar sistemas de avaliação de desempenho;
- Contribuição da Psicodinâmica e Clínica do Trabalho para analisar sistemas de saúde e segurança do trabalho;
- Contribuição da Psicodinâmica e Clínica do Trabalho para analisar sistemas de treinamento e desenvolvimento de pessoas;
- Análise da literatura de pop management à luz da Psicodinâmica e Clínica do Trabalho;
- Discurso organizacional de gestão de pessoas e formas de violência nas relações de trabalho;
- Discurso de gestores à luz da Psicodinâmica e Clínica do Trabalho;
- Interfaces entre TIC – Tecnologias de Informação e Comunicação, gestão de pessoas e violência psicológica;
- Discurso organizacional de gestão de pessoas e assédio moral;
- Assédio Organizacional;
- Análise de gestão estratégica de pessoas à luz da Psicodinâmica e Clínica do Trabalho;
- Estudo da gestão por competência sob à ótica da Psicodinâmica do Trabalho;
- Estudos sobre a cooperação em um grupo de trabalhadores, à luz da Psicodinâmica do Trabalho;
- O pensamento de Guerreiro Ramos e a perspectiva de emancipação do trabalhador nos ambientes de trabalho modernos;
- O pensamento Ana Paula Paes de Paula e a perspectiva de emancipação do trabalhador nos ambientes de trabalho modernos;
- Analisar custos econômicos e psicológicos de afastamentos por acidentes e doenças do trabalho.
FERNANDO DE OLIVEIRA VIEIRA
Coordenador ESCOPO
Possui graduação em Administração pela Faculdade de Ciências Contábeis e Administrativas Moraes Júnior (1990) e mestrado em Educação pela Universidade Metodista de Piracicaba (1999). Durante o mestrado, participou de dois programas de intercâmbio, junto às Universidades de Valencia, na Espanha, e do Minho, em Portugal. Fez doutorado em Educação pela Universidade Metodista de Piracicaba (2003), participando de um Programa Sanduíche, junto à Universidade de Sherbrooke, Québec, Canadá. Fez um pós-doutorado no Laboratório de Psicodinâmica e Clínica do Trabalho, vinculado ao Programa de Pós-graduação em Psicologia Social, do Trabalho e das Organizações, no Instituto de Psicologia da UnB – Universidade de Brasília, entre 2013/2014. Atualmente, coordena o ESCOPO – Grupo de Estudos dos Coletivos de Trabalho e das Práticas Organizacionais. É pesquisador e Professor Associado do Depto de Administração da Universidade Federal Fluminense. Tem experiência na área de Administração, com ênfase em ADMINISTRAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS HUMANOS, atuando principalmente nos seguintes temas: desenvolvimento de rh, carreira, avaliação de desempenho, educação corporativa, assédio moral/sexual, prazer/sofrimento humano no trabalho.